quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pentagrama

Um pentagrama (do grego antigo πεντάγραμμος) é uma estrela composta por cinco retas e que possui cinco pontas.

Originalmente símbolo da deusa romana Vênus foi associado a diversas divindades e cultuado por diversas culturas. O símbolo é encontrado na natureza, como a forma que o planeta Vênus faz durante a aparente retroação de sua órbita.

Trata-se de um dos símbolos pagãos mais utilizados na magia cerimonial pois representa os quatro elementos (água, terra, fogo e ar) coordenados pelo espírito, sendo considerado um talismã muito eficiente.

O pentagrama é conhecido também como o símbolo do infinito, já que é possível fazer outro pentagrama menor dentro do pentágono regular do pentagrama maior , e assim sucessivamente.

Possui simbologia múltipla, sempre fundamentada no número cinco, que expressa a união dos desiguais. Representa uma união fecunda, o casamento, a realização, unindo o masculino, o 3, e o feminino, o 2, simbolizando ainda, dessa forma, o andrógino.

O pentagrama é um símbolo muito utilizado pelos eruditos da escola francesa de Cabala. Autores como Eliphas Levi e Papus o estudaram a fundo e o estabeleceram como um símbolo de proteção, Vontade e Bem.

O pentagrama é composto de um pentágono regular e cinco triângulos isósceles côngruos, tal que a razão entre o lado do triângulo e sua base (lado do pentágono) é o número de ouro.

O pentagrama também foi usado como emblema da escola pitagórica.

Baseados na antiga astronomia ptolomaica, que tentava manter a orbita dos outros planetas ao redor da Terra, astrônomos do passado especulavam órbitas excêntricas para os planetas e isso fez com que, aparentemente, a órbita de Venus desenhasse um pentagrama no espaço.

O pentagrama (estrela de cinco pontas, dentro de um círculo) é o símbolo da religião Wicca. Assim como a cruz é para o cristianismo e o hexagrama é para os judaísmo, o pentagrama é para os wiccanos.

Atualmente, muitos Wiccanos usam um Pentagrama no pescoço, como símbolo de orgulho da sua religião, representando a sua fé e também mostra-se útil para que os Wiccanos se reconheçam entre si. Mas deve-se deixar claro que isso não é nenhuma obrigação. Muitos praticantes da religião Wicca usam o Pentagrama também pelo fato de ele ser considerado um amuleto de proteção, além de mostrarem assim, seu respeito aos Deuses e aos Cinco Elementos.


Cada ponta do pentagrama representa um dos Cinco Elementos da Natureza: Ar, Fogo, Água, Terra e Akasha (espírito). Os adeptos à religião Wicca crêem que tudo foi criado a partir dos cinco elementos. Por isso, no treinamento para o sacerdócio wiccano, o domínio dos elementos é visto como o primeiro ato para a iniciação.

Além do seu significado primordial, dos cinco elementos, o pentagrama também representa o corpo humano (os 4 membros e a cabeça); sendo assim conhecido como "estrela do microcosmo" (pequeno universo), que simboliza o(a) mago(a) dominando o espírito sobre a matéria, inteligência sobre instintos, mente sobre o corpo.

Nos rituais da religião Wicca, além de ser um dos símbolos da deusa, o pentagrama às vezes é usado como símbolo da terra, outras vezes para consagrar os instrumentos ritualísticos, objetos e amuletos.

O pentagrama utilizado na religião Wicca pode ser feito de qualquer material (metal, madeira, argila, vidro, etc.) e até desenhado em pedaços de pano ou mesmo no chão.

Muitas pessoas que se intitulam satanistas usam o Pentagrama invertido (com duas pontas para cima), afirmando significar o triunfo da Matéria sobre o Espírito, ou a vitória do Mal sobre o Bem. Ainda que, originalmente, o Pentagrama com duas pontas para cima já aparecia, no paganismo pré-cristão, como um dos símbolos da Grande Mãe (pela semelhança com um canal vaginal, um útero e duas trompas). Assim sendo, o pentagrama invertido possui significados paralelos.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

Bruxaria Tradicional

Ao contrário da Wicca, a Bruxaria tradicional tem como o objetivo continuar praticando a Velha Arte que antecede o século XX, sendo assim não gosta de englobar em sua filosofia conceitos new age.
Ela procura seguir o modelo das famílias e irmandades.
Conheça suas bases:
Natureza: assim como na Wicca, este outro ramo também dá muito ênfase a ela, pois os povos antigos precisavam aprender a conviver e a respeita-la se quisessem estar em total harmonia com seu meio ambiente.
Deuses: os tradicionalistas, preferem apenas seguir um panteão (conjunto de Deuses), ao contrario dos modernistas que adoram Deuses de várias culturas. Recomenda-se aderir a panteões que tenham a ver com seu meio, por exemplo: pessoas que vivem na Irlanda teriam mais facilidade em assimilarem Deuses Celtas do que Deuses da cultura Greco-romana.
Lei Tríplice: ela é típica do movimento new age, logo não é usada pela Bruxaria Tradicional.
Dogma: "Você é responsável pelas suas ações".
Demônio: Não acreditam, nem o cultuam, assim como na Wicca
Reencarnação: este é um ensinamento de sentindo oriental, logo não se enquadra na filosofia tradicionalista. Eles acreditam que após a morte, o espirito participa de outros planos de existência e que retornam a terra para junto com seus ancestrais, se tornarem espíritos guardiões.
Roda do Ano: os bruxos tradicionais não seguem uma Roda do Ano, pois pensem bem, na visão dos antigos só existiam o inverno e o verão. A questão da celebração da natureza e alinhamento com seu ritmo varia muito na Bruxaria Tradicional, uma tradição agrícola por exemplo, vai seguir o fluxo do plantio e da colheita, em um lugar quente, eles irão celebrar as mudanças do sol. Isso vai variar de acordo com o meio em que os bruxos e bruxas habitam, mas não vejo problema em seguir a Roda do Ano.
Várias crenças: como é tradicional, visa conservar todos seus ensinamentos, sem agrupar novos pensamento.
Covens: na Bruxaria Tradicional também tem grupos, que são extremamente reservados para evitar a profanação de seus conhecimentos.
Solitários: possuem seguidores que aprendem tudo que sabem através de livros e afins.
Hierarquia: todos são iguais em um grupo, apesar de respeitarem muito as pessoas que detém grande experiência e conhecimento.
Rituais: a maioria deles são criados na hora da realização, mas nem todos.
Instrumentos de trabalho: muitas vezes na Bruxaria Tradicional, existem grupos ou pessoas que não usam nenhum instrumento em rituais, eles apenas usam elementos da natureza, até porque se pararmos para pensar, muitos dos nossos ancestrais não tinham meios de conseguir certos objetos, mas como hoje em dia podemos, não há problemas em termos alguns instrumentos básicos, sem exagero, é claro.
Espero ter sido claro nas diferenças desses dois caminhos, e gostaria que me aviassem caso eu tenha esquecido de falar sobre algo importante.
Quanto que ramo da Bruxaria eu acho melhor, eu respondo com sinceridade que me enquadro mais na Bruxaria Tradicional, apesar de eu ter alguns pontos de concordância com a Wicca.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Arte das Bruxas e suas bases

A Bruxaria é antiga? eis a questão...., se considerarmos um agregado de conceitos, de crenças da antiga Europa, posso dizer que ela é uma das mais antigas religiões existentes, pq. a Bruxaria surgiu do animismo, surgiu do xamanismo, acrescentou cultura e costumes de povos antigos, teve um aumento sócio cultural tremendo com a vinda dos Celtas e assim com todo esse agregado de culturas, de costumes, de magia damos o nome de Bruxaria, Bruxaria Tradicional cujo o surgimento está nas famílias, clãs, tribos, aldeias.
A Bruxaria Tradicional, com todas as suas diferenças folclóricas, com todas as suas diferenças de práticas mágicas, se encontrão num fato de origem que é a magia natural, aquela magia relacionada a natureza, a cura através de ervas, dos deuses personalizados em cada rio, floresta ou montanha, em cada objeto característico da natureza, no princípio da terra onde moramos, no mar onde é um enigma vida/ morte, e do céu que esta acima dos seres humanos, e assim o homem daquela época entendia os mundos da natureza pelo simples fato de ele assim o ver, digo ver pois é isto que vemos mesmo dentro de uma nave espacial, o planeta terra, que possui muita água... aliás mais do que terra e a atmosfera azul e infinita.
E como são esses mundos? a terra dos homens, o mar onde reinava o enigma da vida e da morte, muitos acreditavam que os mortos iam para a terra dos mortos (mar) num barco, tal como na Mitologia Grega/Romana na face do atravessador Caronte que ligava o reino dos vivos ao reino de Hades (morte), outra versão pode ser citada como Avalon, ou pelo paraíso celta que ficava numa ilha chamada Hi-Brasil, é bem passível de compreensão que a água era o elemento da vida e da morte, Jesus caminhou sobre as águas, foi batizado nas águas, Osíris caminhou sobre as águas, ressuscitou das águas, e tantos outros exemplos podemos tirar da história... Sobre o céu, este é o mundo dos deuses, as pirâmides foram construções para se chegarem aos deuses, para tocar os pés dos deuses, para presentear com sacrifícios (Astecas), a própria torre de Babel, as igrejas católicas com o teto tão cheio de glamour, com desenhos de anjos mostrando ao simples povo o quanto. era a sua inferioridade perante a algo supremo, o simples fato de ajoelhar e olhar para cima em busca da divindade.
Os celtas acreditavam que os seus deuses estavam sempre ao lado, inspirando, guerreando, que eram seres com dons muito admiráveis, e muitos nasceram ou deram nomes a rios que se destinam ao mar (ao mundo Mar), outros subiam aos céus como Lugus (Celta), como Mercúrio (Grego/Romano), como Exú (Africano) e tantas outras divindades.
Os Deuses são forças naturais e as suas personalizações humanas foram criadas aos olhos dos homens, questão de empatia?? quem sabe, mas sem dúvida fatores psicológicos, seus mitos e ritos contam a história, e cada história um aprendizado, cada história uma carga de conteúdo riquíssimo em sabedoria, existiram homens que se tornaram lendas, e dessas lendas tornaram-se deuses, homens com dons muito admiráveis.
A Bruxaria Tradicional é uma das filosofias mais complexas que a simplicidade pode construir, e nada e ninguém pode traduzi-la com a escrita fria ou com a razão, para entendê-la é preciso morrer nesse mundo, perder os sentidos e acordar na praia renascido das águas do mar.
por Ricardo Draco

sábado, 7 de agosto de 2010

Aradia / e o evangelio das bruxas

Aradia e Il Vangelo delle Streghe (o evangelho das bruxas)

Aradia é uma personagem importante e interessante na Bruxaria Italiana; eu me arriscaria a dizer em toda a bruxaria até. Algumas coisas foram escritas sobre ela, existe um livro com seu nome, porém alguns mitos foram criados. Tentando esclarecer dúvidas e mostrar um pouco do que é o livro "Aradia, o evangelho das bruxas" e a Aradia, la Bella Peregrina eu escrevo a coluna desta quinzena.

La Bella Peregrina, nome com o qual ficou conhecida nos montes albanos até a Sicília, tem um significado grande para muitas tradições e clãs da Bruxaria Italiana, como a Ariciana e a Tríade de Tradições - Janarra, Fanarra e Tanarra. Lembrada como a professora e mestra das Streghe, Aradia não queria ser adorada: seu intuito era reviver com os camponeses dos feudos os Caminhos Antigos. Passou seus ensinamentos viajando e conversando, reaproximando as pessoas de suas raízes. Ela apontava a Vechia Religione como um alívio ao massacre religioso do cristianismo da época. Com o tempo, ela passou a ter discípulos, 6 homens (um deles era celta) e 6 mulheres. Quando Aradia passou a ser perseguida, esses discípulos saiam em casais para levar seus ensinamentos a diante. Seu símbolo, após sua partida era, e ainda é, a Chama Sagrada que é acesa no meio do altar. Ela é o fogo perene de seus ensinamentos e de nossa ligação com o Espírito do Caminho Antigo. Por fim, seus discípulos também foram perseguidos e muitos mortos e acredita-se que os pergaminhos, nos quais seus ensinamentos foram registrados, trancados no Vaticano. Alguns documentos históricos indicam a passagem de uma mulher peregrina pelo norte da Itália e indicam que talvez ela tenha passado seus últimos anos na Romênia.
Os ensinamentos de Aradia têm um cunho de simples entendimento e observação completa da Natureza. Ela fala sobre a Deusa Diana e o Deus Dianus ou Lúcifer; discorre como a Natureza é a maior de todas as professoras; deixa para os camponeses o valor e a importância do casamento baseado no amor e no respeito; sobre a força da sexualidade e sua magia; ela deixa um alerta sobre os cristãos, um cuidado que deveria ser tomado naquele momento de perseguição; e deixa um elenco de 13 "conselhos", que são conhecidos como "Covenant of Aradia": visando a convivência harmoniosa entre todos os seres da Criação.
O Evangelho das Bruxas foi escrito em 1889 por Charles G. Leland, folclorista inglês e estudioso de diversas culturas. Nesta publicação ele expõe ao público o relato de tradições, costumes e estórias de mulheres que se chamavam streghe (bruxas). A fonte de Leland era uma delas, Magdalena. Não se sabe bem ao certo se o que está no livro é a cópia fiel dos escritos das streghe ou se eles foram romanceados. Ele conta como Diana e Lúcifer deram a vida a Aradia e como ela se tornou a primeira Strega. A Aradia do livro também tem um caráter de professora, mas ela é nascida dos deuses. Existem no texto de Leland também uma larga influência de termos e ideais judaíco-cristãos, como no momento em que diz que Aradia não será como a filha de Caim (este mencionado algumas vezes), e o uso da palavra "amen" no fim de alguns feitiços. Raven Grimassi (1999) ainda coloca que o uso do nome de Lúcifer tenha sido por uma propaganda, o que atiçaria ânimos: será que este povo tem alguma ligação com o satânico? A resposta clara é não, uma vez que Lúcifer é a Estrela da Manhã, ou seja, o Sol - Appolo, o irmão gêmeo de Diana.
A leitura do Evangelho deve ser feita com critério. Nada do que está lá pode ser levado ao pé da letra. No entanto é mister percebermos que ele traz uma grande gama de tradições e idéias que podem ser bem aproveitadas na nossa prática. Ele é um parâmetro de cultura e ética antiga. Ele deixa claro que se faziam maldições, rogavam pragas e ameaçavam as deidades (como fazem os católicos que penduram santos de cabeça para baixo e afins). Tudo isso era visto como legítimo para essas streghe e como uma coisa corriqueira. Elas não sofriam a influência de uma filosofia mais oriental que fala de kharmas e coisas nesse gênero. Eram camponesas, filhas da Natureza que agiam como tal: pisas no meu pé, eu imediatamente piso no teu. Eu acredito que, de um ponto de vista histórico e social, é impossível fazer um juízo de certo ou errado sobre essas práticas.
Uma curiosidade sobre o Evangelho está no capítulo XI que descreve um pouco sobre a Casa dos Ventos e sua história. Existem muitas semelhanças com a vida da Aradia histórica.
Conclusões: existe o fato interessante de alguns relatos do livro se parecerem com práticas neopagãs, como o "Charge of Aradia" que tem grandes semelhanças com o "Charge of the Goddess" apresentado por Doreen Valiente. Além da similaridade com práticas feitas por bruxas italianas de muito antes da publicação do Vangelo (evangelho), como a nudez ritual como símbolo de liberdade e sinceridade, o que traz credibilidade aos escritos do livro - ou pelo menos, parte deles.
Por tudo que eu li, estudei e pratiquei até agora, a conclusão mais importante é que "os livros são bons conselheiros". Não é possível seguir um livro em 100% dele - isso se torna fundamentalismo. Hoje temos a capacidade e a oportunidade de sermos críticos: bruxos, magistas capazes de reflexão sobre o que lemos, ouvimos e praticamos a fim de não nos basearmos numa verdade infundada e cega.
Aceitemos que o livro é um ponto de partida, mas é necessário desprendimento e vontade para saber mais a fundo sobre, por exemplo, quem foi Aradia, qual a importância de Diana, por que Lúcifer é citado e quem ele é realmente para que não nos tornemos meros repetidores de versos. Sejamos bruxas e bruxos responsáveis e cientes de nosso papel como tais: investindo em nosso conhecimento e crescimento.


Benedizioni di Astrea
por Pietra D C Luna 




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Caça as Bruxas - 1233 a 1750 pt6



SALÉM, 1692

QUANDO A IGNORÂNCIA ATINGE AS RAIAS DA LOUCURA

Corria o ano de 1692 na Nova Inglaterra, EUA (então colônia da Inglaterra). Depois de um rigoroso inverno, a vida parecia fluir rotineiramente na pacata localidade de Salém, perto de Boston, capital da província de Massachusetts.
Salém fora colonizada pelos puritanos, que ali construíram uma comunidade de cunho teocrático e voltada para si mesmo. Desde 1626, quando ali chegaram ali, fugindo da perseguição religiosa na velha Inglaterra, tiveram que conviver com animais selvagens, índios e um nova terra muito diferente do que tinham no velho mundo. Isso fez com que lendas e superstições do local influenciassem o rígido estatuto sobre o comportamento religioso da comunidade.

Os puritanos seguiam uma moral severa, com base na Bíblia, e se consideravam o povo escolhido por Deus, não permitindo a ingerência de pessoas que não seguissem os seus ditames fundamentalistas. Ninguém em Salém podia entrar na igreja senão eles, nem ter terras na região senão eles.

A cidade era administrada pelos ministros da religião, que não titubeavam em excomungar quem não participasse do culto na igreja, punindo com a perda do direito de voto e de propriedade o faltoso pregresso. Não se permitia praticamente nada senão a participação no culto na igreja e conversas entre vizinhos. Dançar era considerado pecaminoso; festas ou diversão para jovens eram proibidas, tudo que dava prazer era considerado obra do diabo, e era dever de cada membro da comunidade zelar para que o diabo não marcasse presença ali. A comunidade acreditava ainda que seus principais líderes haviam sido escolhidos por Deus e que o paraíso já lhes estava reservado antecipadamente. Para os demais membros, a salvação era considerada difícil, pois o zelo pelos bons princípios estava permanentemente ameaçado pelo diabo, com suas artimanhas, enganações e tentações fatais. Desse modo, era preciso levar uma vida austera e trabalhar duro para afastar as tentações e cair nas graças de Deus.
Baseavam seus preceitos nos rígidos preceitos bíblicos do Velho Testamento. Para eles, Satanás tinha seus coadjuvantes na terra: bruxas, feiticeiros, e outros seres que escolheram servir à obra do mal, fazendo um pacto com ele.

Foi sob esse cenário que Betty Parris, filha adolescente do revendo Parris, pastor da comunidade, e suas amigas Abigail Williams, Anne Putnan, e Mary Walcot, começaram a ter pesadelos e alucinações, acusando algumas pessoas da comunidade de bruxaria.

Isso se explica pelo fato da família Parris ter uma escrava, Tituba, que havia trazido de Barbados, lugar em que os negros mantinham crenças como o vodu. Na verdade, Tituba era originária da Venezuela, de raizes indígenas, em cujas crenças acreditava. Fora levada para Barbados, de onde a família Parris a trouxe como criada.

Como não tinham lazer algum, elas se reuniam para ouvir estórias que Tituba contava de seu lugar de origem. Parece que certa vez Tituba as levou inocentemente para a floresta, no começo da noite, e dançou com elas, como faziam os negros em Barbados. Essa transgressão, porém, pesou na consciência das meninas. E por esse “crime”, as meninas começaram a se autopunir, tendo crises de choros, desmaios, catalepsias, convulsões e falta de concentração quando estavam no culto na igreja. Tinham pesadelos, e mesmo nos pesadelos as mocinhas – a mais nova com 9 anos e a mais velha com 16 – compartilhavam da mesma representatividade: viam um homem negro, muito alto, que as raptava e as obrigava a assinar um livro de capa preta, que as tornaria um membro adorador do diabo. Como se recusavam, ele xingava, e as obrigava a assistir a uma cerimônia onde muitas pessoas que já haviam aceito seu convite beijavam-lhe os pés e as mãos.

A primeira a apresentar esses sintomas foi Betty Parris, a filha do reverendo. Como não encontrassem explicações para o fato, passaram a acreditar que ela estivesse possuída pelo demônio, a mando de alguém. Sua prima Abigail acabou confessando a dança com Tituba, e a escrava foi forçada, sob castigo, a confessar que o diabo estava se servindo dela para corromper as meninas. Ela foi a primeira a ser acusada de bruxaria, mas se safou da morte pelo fato de confessar o seu “crime” e reconhecer que o diabo a estava usando contra sua vontade.
Para se livrarem da culpa, elas começaram a acusar as pessoas do lugar de terem parte com o demônio. Às vezes olhavam fixamente para um ponto, com o olhar vazio, diziam que tinham visões onde viam algumas pessoas da comunidade participando do culto de adoração ao diabo, beijando-lhe as mãos e se submetendo aos caprichos dele.
Considerando-se predestinados a herdar o reino dos céus, os puritanos viram nesses acontecimentos uma forte tentativa de Satanás para subverter essa predestinação, como na tentação de Jesus, onde ele prometia os reinos do mundo ao sagrado Mestre. Acreditavam ainda que o diabo vivia nas florestas próximas, aguardando a melhor ocasião para agir e destruir a comunidade, de modo que a dança na floresta não foi considerada somente uma transgressão aos rígidos princípios dos puritanos, mas um indício da vitória de Satanás sobre o Bem que eles representavam.


SALÉM, 1692


Sarah Good no banco dos réus:foi enforcada
(Museu de Salém)

Depois de Tituba, as três primeiras pessoas a serem acusadas pelas meninas foram Bridget Bishop e Sarah Good, duas mulheres meio mendigas da comunidade, e Sarah Osborne, que, simplesmente pelo fato de quase não freqüentar a igreja, era considerada uma mulher de vida dissoluta.
Foi instaurado um tribunal na cidade para julgar os casos de bruxaria, e o governador de Massachusetts mandou um representante - que também era puritano -, para comandar o tribunal.

As meninas acusavam sistematicamente, e em determinado momento 150 pessoas abarrotavam a prisão esperando sua vez de depor, enquanto outras eram torturadas e executadas na forca. Doze pessoas foram executadas, dezenas de outras torturadas. A histeria tomou conta do lugar, e mesmo pessoas influentes começaram a ser acusadas, e nem mesmo os animais foram poupados da acusação de bruxaria: dois cachorros foram enforcados.

Por mais paradoxal que pareça, se a pessoa confessasse que realmente tinha parte com o demônio, escapava das punições, pois se acreditava que a confissão quebrava o pacto com o diabo, minando-lhe a força de atuação. Mas a vergonha de confessar isso, de ficar marcado frente à comunidade, levou muitas pessoas a preferir os mais hediondos métodos de tortura, como a colocação gradual de pedras sobre o corpo do acusado, que, se não confessasse, morria esmagado. Com os que morreram sob tortura, as vítimas chegaram a 20.



Rebecca Nursey, 72 anos, foi torturada e acorrentada pelo pescoço
(Museu de Salém)

Ciúmes, rixas, invejas, cobiça, intriga, tudo foi levado para o tribunal como se fosse bruxaria. Perdeu-se qualquer consideração pelas pessoas: Rebecca Nursey, uma senhora de 72 anos, mãe de 11 filhos e 26 netos, caridosa e religiosa, foi sumariamente enforcada simplesmente porque o tribunal apresentou nos autos “provas concretas” contra ela.
O terror pairava sobre a comunidade, os órfãos vagavam famintos pela cidade, e a normalidade só voltou a Salém quando a própria mulher do governador foi acusada de bruxaria, por ser amiga da senhora Carey, cujo marido, rico e influente, subornou os guardas da prisão para que a libertassem.

O governador extinguiu o tribunal, e, mais tarde, as excomunhões foram suspensas, as famílias dos acusados indenizadas e a reputação dos executados foi restaurada.

Betty Parris alguns anos mais tarde se casou com um comerciante, e se mudou de Salém. Mary Walcott morreu jovem. Abigail Williams enlouqueceu. E de Anne Putnan nada se sabe. Salém se tornou a meca das Bruxas, e hoje a cidade mantém um museu estilo noir para os turistas.







No chão do MUSEU DE SALÉM ...

Um disco com a inscrição de todos os nomes das pessoas que foram executadas por bruxaria. Desde então, ninguém nunca mais foi condenado nos Estados Unidos por prática de bruxaria.



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Caça as Bruxas - 1233 a 1750 pt5

1415- O CONCÍLIO DE CONSTANÇA CONDENA WYCLIFF COMO HEREGE

“O Concílio de Constança (1414-15) em 1415, o santo Wycliff, protestante, foi postumamente condenado como ‘o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou uma nova tradução em sua língua materna’.”

1591- O INÍCIO DA INQUISIÇÃO CATÓLICA NO BRASIL.

“O Brasil teve tribunais de Inquisição desde 1591 (quando foram condenadas mais de cem pessoas) até 1761.”
“A Inquisição se instalou no Brasil em 3 ocasiões: Em 09.96.1951, na Bahia, por 3 anos; em Pernambuco, de 1593 a 1595; e novamente na Bahia, em 1618. Há notícia de que no século XVIII a Inquisição atuou no Brasil. Segundo o jornal ‘Mensageiro da Paz’, n° 1334, de maio de 1998, 139 pessoas foram queimadas vivas no Brasil, entre 1721 e 1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos eram sentenciados. De acordo com dados históricos, quase todos cristãos-novos (judeus convertidos) presos no Brasil pela Inquisição, durante o século XVIII, eram brasileiros natos e pertencentes a todas as camadas sociais. Praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros cristãos-novos era mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi condenada à mortes na fogueira em um processo julgado em Lisboa. A Inquisição interferiu profundamente na vida colonial brasileira durante mais de 2 séculos. Um dos exemplos dessa interferência era a perseguição aos descendentes de judeus. Os que estavam nesta condição podiam ser punidos com a morte, confisco dos bens ou, na melhor da hipóteses, ficavam impedidos de assumir cargos públicos.”


A Inquisição Em Portugal


A Inquisição (falsa), no Brasil

Caça as Bruxas - 1233 a 1750 pt4

1229- CONCÍLIO DE TOULOUSE: IGREJA CATÓLICA PROIBE AOS LEIGOS A LEITURA DA BÍBLÍA E REAFIRMA A INQUISIÇÃO

“Em 1229, o Concílio de Toulouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: ‘Proibimos aos leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento...Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas mais humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterâneos de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os abrigar será severamente punido.’ (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Christus 1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os albigeneses. Em ‘Act of Inquisition, Philip Van Limborch, History of Inquisition, cap. 8’, temos a seguinte declaração conciliar: ‘Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelhos para os seus próprios propósitos...eles sabem que a explanação da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos’.”